segunda-feira, 17 de março de 2008

Solidao.


Me sinto só... E isso nao acontece só de vez em quando, como é com muitas pessoas, comigo é diferente, às vezes me sinto e estou acompanhado, mas normalmente me sinto sozinho. A solidão é muitas vezes o meu chão, o meu pão, meu cálice, meu cárcere. É algo que sai de dentro do meu ser e por vezes vem a pavimentar o caminho por onde ando.

Eu sei que não tenho motivos para me sentir só. Apesar de estar bem longe de “casa” minha família está bem presente de uma forma especial. Tenho amigos longe, e alguns aqui perto. Estou rodeado de gente. Mas isso me traz até aqui: Não é preciso motivos tão aparentes para se sentir só. Eu sinto. Eu estou... E sei que minha solidão é fruto de muitos fatores externos e internos.

Mas ao contrário do que se pode pensar, e do que comumente acontece, não quero que sentem-se ao meu lado para me dar sermões. Nao quero saber “a lista de dez coisas para não se sentir só”. Não quero que me apontem o dedo na cara e que me digam: “Você está só porque está afastado dos Caminhos de Deus.” Nao quero ouvi jargões... Meu coração é chão que ninguém pisa. Ninguém conhece. Ninguém pode julgar.

Mas aceito e me alegro com a companhia daqueles que têm sentado ou caminhado ao meu lado para somente compartilhar o silêncio, e talvez algumas palavras sem muitas pretenções... Quiçá também uns goles de vinho, uma boa música, um pouco de tempo. Graças à internet, a maioria dos meus companheiros de solidão são pessoas que estão distante. Gente que tem vivido a cada dia o seu próprio mal, e bem. Dão-me o ouvido, dão-me a oportunidade de alguns risos, dão-me sustento, compartilham-me coisas que podem ser úteis para meu crescimento, e dão-me às vezes pedaços de suas almas.

Ninguém gosta que fiquem lhe dizendo o que fazer. Sugestões sempre são boas. Mas ninguém gosta de viver debaixo de ordens, e elas são malignamente piores quando vêm vestidas da capa de “deus”. “Deus me mandou te dizer isso” ou “Deus diz isso”. Ora... Se Deus quiser falar Ele mesmo fala, Ele tem seus meios, inclusive o meio do não-falar. Sim... Deus muitas vezes não fala. E neste tempo de indisponibilidade divina tudo o que não precisamos é dos “amigos de Jó” para nos roubar o que nos resta de paz.

Amigo companheiro de estrada é aquele que sabe respeitar até os momentos de perplexidade do outro ante a vida, ante Deus, e em face da própria existência. Nada é tão nocivo nesses momentos do que a impertinência daqueles que ousam defender “Deus”.

Dou graças pelos amigos que tenho. Amo cada um deles e sei o quanto eles são raros. Não quero perdê-los, são mais valiosos que o diamante...

Assim... Eu sigo o meu caminho. Sigo só em minha solidão. Rezando em silêncio o meu “Pai-nosso” que tenho que rezar sozinho.

Abraços.
Inté!

Everton Vidal.

2 comentários:

Éverton Vidal Azevedo disse...

Uia! Tou correndo pra aula mas passarei aqui pra ler os textos dos demais amigos.
Boa iniciativa Digao!
Já coloquei o link por lá.
Abraços!!!

code disse...

bem... que texto fantástico éverton!!

ao lê-lo parecia que tinha sido escrito por mim... identifico-me inteiramente com o que escreveste.

Parabéns sinceros!

Abraço,
André.